EDITORIAL No setor do patrimônio cultural é amplamente reconhecida a importância do passado para o correto entendimento do presente. Em estudos de vegetação também seaplica este princípio, bastando lembrar, para isso, as severas intervenções introduzidas na natureza pela ação humana, ao longo do tempo. Foi por reconhecer o valor desta fonte que arevista Balduinia passou a incluir artigos de cunho histórico em seus últimos números, ressaltando-se, nesse sentido, o texto de Balduíno Rambo sobre oextremo oeste de Santa Catarina, nos primórdios de sua colonização, e dois fragmentos do diário do mesmo botânico e fitogeógrafo gaúcho, relativos aviagens poreleempreendidas aosudoeste do Rio Grande do Sul na década de 1940. Écom grande satisfação, portanto - ecom plena consciência da contribuição dessa vertente aoconhecimento botânico -, que nopresente número sepublica umtexto sobre aviagem deHenrique SchutelAmbauer ao interior do Rio Grande do Sul em 1858. Mesmo não sendo um naturalista, Ambauer era homem culto eobservador, motivo pelo qual o seu relato ajuda a revelar o passado, inclusive no tocante à vegetação, pois fornece um dos primeiros registros sobre os ervais do "Campestre do Campo Novo", na região de Palmeira das Missões. Os outros artigos que enfeixam a presente edição tratam de anatomia da madeira. No primeiro deles é investigada a estrutura do lenho de duas espécies de Senegalia Raf. (Fabaceae) com variabilidade de hábito e, no outro, é anatomicamente descrita a madeira de Citharexylum montevidense Moldenke (Verbenaceae), opopular tarumã.