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Preciso ensinar o letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever? PDF

pages65 Pages
release year2007
file size1.39 MB
languagePortuguese

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Capas Linguagem em Foco.qxd 9/21/05 5:22 PM Page 3 L i n g Linguagem e letramento em foco u a g A e Preciso “ensinar” coleção "Linguagem e Letramento em Foco" m compõe-se de 10 livros,distribuídos entre seis e l diferentes áreas. Esses 10 volumes foram espe- e o letramento t ? r cialmente desenvolvidos para os cursos do Cefiel – a m Centro de Formação de Professores do Instituto de e n t Estudos da Linguagem da Universidade Estadual o Não basta ensinar e de Campinas (Unicamp), apoiado pela Rede m a ler e a escrever? Nacional de Formação Continuada de Professores f o (SEB / MEC). c o As áreas e os títulos da coleção: Angela B. Kleiman Linguagem e educação infantil A criança na linguagem ■ Linguagem nas séries iniciais Meus alunos não gostam de ler... ■ Preciso “ensinar”o letramento? ■ Língua portuguesa Aprender a escrever (re)escrevendo ■ Multilingüismo ■ O trabalho do cérebro e da linguagem ■ Formação do professor indígena Línguas indígenas precisam de escritores? ■ O índio,a leitura e a escrita ■ Letramento digital Letramento e tecnologia ■ Ensino de línguas estrangeiras LEs no Brasil: histórias e histórias. ■ Preciso ensinar let. pI_5ªp 9/21/05 12:23 PM Page 1 Linguagem e letramento em foco Linguagem nas séries iniciais Preciso “ensinar” o letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever? Angela B. Kleiman Ph.D.em Lingüística pela Universidade de Illinois Professora Titular em Lingüística Aplicada no IEL/UNICAMP Preciso ensinar let. pI_5ªp 9/21/05 3:25 PM Page 2 © Cefiel/IEL/Unicamp,2005-2010 É proibida a reprodução desta obra sem a prévia autorização dos detentores dos direitos. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Presidente: LUIS INÁCIO LULA DA SILVA Ministro da Educação: TARSO GENRO Secretário de Educação Básica: FRANCISCO DAS CHAGAS FERNANDES Diretora do Departamento de Políticas da Educação Infantil e Ensino Fundamental: JEANETE BEAUCHAMP Coordenadora Geral de Política de Formação: LYDIA BECHARA Cefiel - Centro de Formação de Professores do Instituto de Estudos da Linguagem* Reitor da Unicamp: Prof. Dr. José Tadeu Jorge Coordenação do Cefiel: Angela B. Kleiman Coordenação da coleção: Angela B. Kleiman Coordenação editorial da coleção: REVER - Produção Editorial Projeto gráfico,edição de arte e diagramação: A+ comunicação Revisão: REVER - Produção Editorial; Maria Odette Garcez Ilustrações: Fábio Sgroi Pesquisa iconográfica: Vera Lucia da Silva Barrionuevo * O Cefiel integra a Rede Nacional de Centros de Formação Continuada do Ministério da Educação. Impresso em setembro de 2005. FOTO: (página 21) Um erudito,de Rembrandt van Rijn,1631. Óleo sobre tela,105,5 X 92 cm. NOTA: Todos os esforços foram realizados para obter autorização para reprodução da imagem da página 48. Caso o detentor dos direitos se sinta prejudicado,favor notificar formalmente a coordenação editorial. Preciso ensinar let. pI_5ªp 9/21/05 3:25 PM Page 3 ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ Sumário Introdução / 5 O que não é letramento / 8 Letramento não é um método / 8 Letramento não é alfabetização / 11 Letramento não é habilidade / 16 O que é,então,letramento? / 19 Como surgiu o conceito de letramento / 19 Algumas comparações / 22 Prática coletiva e colaborativa X prática individual e competitiva / 22 Prática situada X abstração / 25 Mesmo texto,diferentes leitores e diferentes modos de ler / 27 ■ Mesmo sujeito,diferentes práticas / 29 ■ As práticas escolares / 33 Os aprendizes / 34 As atividades escolares / 37 Outras implicações / 41 A relação letramento–oralidade / 41 Uma relação de continuidade / 44 ■ Outras linguagens / 47 Formando leitores / 51 O trabalho do professor / 51 ■ Os projetos de ensino / 54 ■ O ensino da leitura / 56 ■ Bibliografia / 58 Preciso ensinar let. pI_5ªp 9/21/05 12:23 PM Page 4 ■ ■ ■ ■ Preciso ensinar let. pI_5ªp 9/21/05 12:23 PM Page 5 ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ Introdução B asta ensinar a ler e a escrever? Basta, sim! Quando se ensina uma criança, um jovem ou um adulto a ler e a escrever, esse aprendiz está conhecendo as práticas de letra- mento da sociedade; está “em processo” de letramento. “Letramento” é um conceito criado para referir-se aos usos da língua escrita não somente na escola, mas em todo lugar. Porque a escrita está por todos os lados, fazendo parte da paisagem co- tidiana: no ponto de ônibus, anunciando produtos, serviços e campa- P nhas; no comércio, anunciando ofertas para atrair clientes, tanto nas P pequenas vendas,como nos grandes supermercados; as Di Assis arolina aliestra de C Sant ortesia duardo C E © © .5. Preciso ensinar let. pI_5ªp 9/21/05 12:23 PM Page 6 no serviço público, informando ou orientando a comunidade. P Santaliestra Santaliestra Eduardo Eduardo © © E poderíamos ir multiplicando os locais em que ela aparece: na igreja, no parquinho, no escritório... Porque a escrita, de fato, faz parte de praticamente todas as situações do cotidiano da maioria das pessoas. Isso é o que acontece nas sociedades complexas, em que não é possível atingir objetivos ou realizar tarefas apenas falando. Imaginemos o trabalho que teriam os anunciantes se,pa- ra dar a conhecer seus produtos,tivessem de contar,pessoalmen- te, para cada um dos clientes potenciais, por que seu produto é especial ou melhor que os demais! A presença da escrita muda de lugar para lugar. Se você mora numa grande cida- de,um trabalho que pode ser feito com seus alunos para dirigir os olhos e a atenção deles para as funções da escrita é um passeio-leitura pelo bairro,anotando tudo o que estiver escrito: placas,folhetos,avisos,letreiros. Mas se você mora em zona rural,tal- vez não haja muita presença da escrita ao redor,para ser anotada num passeio-leitu- ra. Nesse caso,o objetivo pode ser outro: descobrir lugares que se beneficiariam com placas e letreiros escritos,como: “É proibido jogar lixo!”,“Perigo!” e outros. A complexidade da sociedade moderna exige conceitos tam- bém complexos para descrever e entender seus aspectos relevan- tes. E o conceito de letramento surge como uma forma de explicar o impacto da escrita em todas as esferas de atividades e não so- mente nas atividades escolares. .6. Preciso ensinar let. pI_5ªp 9/21/05 12:23 PM Page 7 O objetivo deste volume da coleção “Linguagem e Letramen- to em Foco” é apontar facetas dos usos da escrita que são rele- vantes para o trabalho com leitura (e com produção de texto tam- bém, embora nosso foco seja, aqui, a leitura), mas que têm sido negligenciadas na formação do professor. Introduziremos o con- ceito de letramento, que é o pano de fundo das atividades pro- postas no curso “Letramento nas Séries Iniciais” no ambiente educativo TelEduc e no site interativo alfaletras, do CEFIEL — Centro de Formação de Professores do Instituto de Estudos da Linguagem, da UNICAMP. O conceito de letramento já entrou no dis- Discurso.Palavra de múl- curso escolar – por exemplo, nos documentos tiplos significados. Aqui a que falam do currículo, como os Parâmetros usamos com três: (a) para Curriculares Nacionais (PCNs) –, porém foi en- designar as produções es- pecíficas de um grupo, trando por diversas portas, por ser um conceito nas locuções discurso es- usado por pesquisadores de diversas áreas colar ou discurso dos pro- (educação, didática, lingüística aplicada, histó- fessores; (b) para designar o conjunto de textos que ria da leitura) ao falarem dos usos da escrita. manifestam um determi- Isso tem causado muita confusão. Por isso, an- nado posicionamento par- tes de apresentar o que é letramento, vamos tilhado por um grupo soci- al, nas locuções discurso discutir o que ele não é. jornalístico ou discurso ci- Essa discussão, que retoma três elementos entífico; (c) em oposição à da concepção escolar, é feita não para marcar língua, para designar os usos efetivos (e os valo- uma ruptura com os saberes do professor mas res aí associados) da lín- para tomá-los como ponto de partida da discus- gua (o sistema que permi- são e, assim, complementar e transformar os te esses usos) em diferen- conceitos que já lhes são familiares, na tentati- tes contextos, na locução discurso letrado (diferente va de diminuir a distância entre as duas pers- de língua escrita). pectivas: a da universidade e a da escola. Em seguida, estudaremos o que é letramento, os conceitos a ele relacionados e as implicações do conceito para o trabalho es- colar com a linguagem. .7. Preciso ensinar let. pI_5ªp 9/21/05 12:23 PM Page 8 ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ O que não é letramento Como vai poder ler e escrever se ainda não foi totalmente letrado! Letramento não é um método Uma questão que tem atrapalha- do o ensino da língua escrita é a fal- sa crença de que o aspecto mais im- portante para a aprendizagem da escrita é o método utilizado. Com is- so, todo novo conceito passa a ser interpretado como uma novidade metodológica. Basta lembrar o “mé- todo Emília Ferreiro” de alguns anos atrás. Emília Ferreiro escreveu sobre as hipóteses da criança em relação à escri- Emília Ferreiro, pesqui- ta, porque queria explicar, como pesquisadora da sadora nascida na Argenti- psicologia, o desenvolvimento da criança e, como na e radicada no México, conhecida por seus estu- professora, a melhor forma de ensinar a escrita. dos sobre a construção da Mas os resultados de sua pesquisa foram “trans- linguagem escrita na crian- formados” num método de ensino. ça, exerceu importante in- fluência no ensino da alfa- Coisa semelhante acontece hoje,quando se fa- betização no Brasil. la do “método de letramento”. Os pesquisadores .8. Preciso ensinar let. pI_5ªp 9/21/05 12:23 PM Page 9 que começaram a estudar, em diversos países, as funções e práti- cas da língua escrita e seu impacto na vida social, eram cientistas sociais: sociólogos,antropólogos e historiadores que não tinham na- ■ ■ ■ da a dizer — porque não era sua especialidade — sobre os méto- dos de ensino da língua escrita. Todavia, como esse assunto está relacionado a questões muito relevantes para a educação, ele che- ga à escola e aí é reinterpretado em função daquilo que é relevante para o trabalho escolar,ou seja,o método. E,nessa reinterpretação, acontecem associações indevidas. Por exemplo, quando o conceito de letramento é oposto ao de alfabetização, ele é entendido como equivalente aos métodos globais; quando o termo letramento é in- terpretado morfologicamente, ou seja, com base nos morfemas, ou formas mínimas significativas que formam a palavra (no caso, “le- tra” e “mento”),ele tem sido utilizado como equivalente a um méto- do baseado no ensino da “letra” primeiro (... e a sílaba depois?!). Não existe um “método de letramento”. Nem um nem vários. O letramento envolve a imersão da criança, do jovem ou do P adulto no mundo da escrita e,nesse sentido,para conseguir essa imersão o professor pode: a) adotar práticas diárias de leitura de livros, jornais e revis- tas em sala de aula; b) arranjar paredes, chão e mobília da sala de tal modo que textos, ilustrações, alfabeto, calendários, livros, jornais e revistas penetrassem todos os sentidos do aluno-leitor em formação; c) fazer um passeio-leitura com os alunos pela escola ou pelo bairro. Para reflexão Você consegue pensar em outras atividades e situações que dêem a seus alunos oportunidade de imersão no mundo da escrita? .9.

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